Em 1999, quando Maria Bethânia batizou seu disco A Força que Nunca Seca com o nome de uma parceria do cantor Chico César com Vanessa da Mata, o meio musical se perguntou quem era a autora daqueles versos tão fortes e poéticos. Logo o Brasil ficou sabendo que, como o sobrenome 'da Mata' sugeria, Vanessa vinha mesmo do meio rural. Nascida em 1975 na interiorana cidade de Alto das Garças (MG), situada a 400 km da capital de Mato Grosso, a cantora chegou a pensar em ser jogadora de basquete e modelo. Aliás, a beleza e o porte esguios lhe valeram breve contrato com a agência Elite por conta de uma participação no concurso The Look of the Year. Mas a música acabaria ditando o rumo de Vanessa.
Em 1990, com 15 anos, já morando em Uberlândia (MG) para tentar vaga numa faculdade de medicina, Vanessa começou sua carreira artística cantando num bar da cidade mineira. Em 1992, decidiu se mudar para São Paulo (SP), onde acabou integrando a banda de reggae Shalla-Bal – atividade que a credenciou a ocupar o posto de backing-vocal da banda Black Uhuru, com a qual excursionou pelo Brasil.
A então iniciante cantora começou a pensar na possibilidade de ser compositora quando integrou a banda Mafuá, do compositor Tião Carvalho. Era um grupo mais voltado para ritmos regionais. Vanessa começou a fazer e a burilar suas músicas solitariamente. Até que um ouvinte especial se encantou por elas. Era Chico César, que viria a ser seu parceiro na toada "A Força Que Nunca Seca" e que apresentou a jovem artista ao violonista Swami Jr, outro fã de primeira hora.
Com Swami, Vanessa gravou seu primeiro disco, um CD-demo com quatro músicas. Entre 1998 e 1999, a artista começou a fazer shows com mais regularidade, sempre na companhia de Swami. Até que "A Força Que Nunca Seca" chegou aos ouvidos de Bethânia. A gravação da música projetou Vanessa em escala nacional. Em 2000, Daniela Mercury incluiu no seu disco Sol da Liberdade o samba-rock "Viagem", de textura meio bossa-novista.
Em 2001, veio um novo aval de Maria Bethânia, que gravou com Caetano Veloso em seu disco Maricotinha o samba ruralista O Canto de Dona Sinhá, tributo à avó de Vanessa.
Em 2002, a cantora mato-grossense finalmente lançou seu primeiro CD, Vanessa da Mata, que teve produção e arranjos divididos entre Jacques Morelenbaum, Luiz Brasil, Dadi Carvalho, Kassin, Swami Jr, Liminha e a própria Vanessa. Incluída na trilha da novela Esperança, a canção "Onde Ir" foi o primeiro destaque do disco. Mas logo o samba-rock "Não me deixe só" foi descoberto pelos DJs. O remix de Deep Lick e Ramilson Maia fez o tema estourar nas pistas, projetando o nome de Vanessa da Mata na noite. O sucesso do remix chegou até à Inglaterra, para onde Vanessa chegou a ir fazer contatos com selos locais.
De volta ao Brasil, ganhou em 2003 novo fã importante: Nelson Motta, que fez a ponte com o novelista Gilberto Braga para que Vanessa regravasse para a trilha de Celebridade um tema da Jovem Guarda, "Nossa Canção". Projetada originalmente na voz de Roberto Carlos em 1966, a música de Luiz Ayrão entraria como faixa-bônus na segunda tiragem do disco Vanessa da Mata.
Em 2004, Vanessa da Mata lançou seu segundo CD, Essa Boneca Tem Manual, trabalho produzido por Liminha (parceiro já em algumas músicas do primeiro disco de Vanessa e em várias faixas deste novo álbum). Foi um trabalho de sotaque mais pop, que destacou nas rádios as faixas "Ai Ai Ai" , "Ainda Bem" e "Música". E que trouxe releituras personalíssimas e elogiadas de músicas de Caetano Veloso ("Eu Sou Neguinha?") e Chico Buarque ("História De Uma Gata", do musical Os Saltimbancos), solidificando a trajetória desta cantora e compositora que habita o tempo da delicadeza na cena pop, soando ruralista e ao mesmo tempo cosmopolita.
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