Mário Vianna
Jornalista e Assessor de Imprensa de Assis Valente
Filho de Carlos Eugênio de Souza Vianna e Aramina de Medeiros Vianna, nasceu o jornalista Mário de Medeiros Vianna, no dia 3 de dezembro de 1.915, na Rua São Bento, número 1, sobrado no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Fez seus primeiros estudos na Escola Pedro II, no Largo do Machado, e cursou até a 6 série. Moderne no Institut Saint- Boniface, na Rua da Viaduc, 82, em Ixelle, Bruxelles, na Bélgica, onde residia com sua família, por ser seu pai Delegado Geral dos Serviços de Propaganda dos Estados do Paraná e Santa Catarina para a Divulgação do Mate do nosso país na Europa e Norte da África. Cursava o primeiro ano preparatório de Engenharia Naval no College Michel Nouchenau, na mesma cidade, quando foi obrigado a interrompê- lo devido á abolição do movimento revolucionário de 1.930 no Brasil. Seu pai exercia aquele cargo desde de 1.920 (Governo Epitácio da Silva Pessoa), nele confirmado pelo Presidente Arthur da Silva Bernardes, em 1.922, e mantido ainda mais uma vez pelo Presidente Washinton Luís Pereira de Souza, eleito em 1.926. O pai de Mário de Medeiros Vianna nascera no dia 10 de fevereiro de 1.878, em Salvador, na Bahia, onde fizera seus primeiros estudos. Vindo para o Rio, aqui formou- se em Engenharia pela antiga Escola Politécnica (Largo de São Francisco). Era também jornalista, tendo fundado com Belizário de Souza e Pires do Rio diversos jornais, entre os quais: "A tribuna" e "Jornal do Rio". Fundou, ainda, a "Revista da Época", em 1.913, cuja redação ficava na Rua do Carmo, 66, primeiro andar, no Centro. Foi diretor gerente de "O País", e um dos principais fundadores da "ABI" (Associação Brasileira de Imprensa) que, conforme relato, nascerá numa sala da redação do jornal "O País", na Rua do Ouvidor, esquina da Rua Gonçalves dias, no Centro da cidade, no ano de 1.908. Seu nome, no entanto, não consta na relação dos fundadores, existente no hall térreo do atual edifício "Herbert Moses", na sede da "ABI".
Embarcou Mário de Medeiros Vianna em 1.926, no porto do Rio de Janeiro, no navio "Andes", da Mala Real Inglesa, com seu irmão Carlos Eugênio e o pai Carlos de Souza Vianna, que ia cumprir a sua missão na Europa. Nesse ano, o Serviço de Propaganda do Mate passou para o Ministério das Relações Exteriores, no Itamaraty, tendo eles assim direito a passaporte diplomático. Desembarcaram em Cherburg, na França, e seguiram de trem para Paris, indo após fixar residência em Bruxelas, onde funcionava em caráter permanente o escritório de propaganda do mate, na Place Brouckere, números 8 e 10, no Centro daquela cidade. Como a verba destinada á delegação da propaganda do mate não fosse suficiente para ocorrer ao pagamento de todas as despesas concernentes aos serviços, seu pai resolvia o problema negociando com outros produtos brasileiros, mantendo assim uma atividade incessante, já que era também Correspondente Especial na Europa dos jornais "A Noite", "Correio da manhã" e "Jornal do Brasil", colaborando, ainda, na "Revue Commerciale- Bresilienne", editada em Anver, na Antuerpia, na Bélgica, sob aos auspícios do Consulado do Brasil naquela cidade. Ele e seu irmão Carlos Eugênio, foram para a Bélgica com o intuito de formar- se em Engenharia Naval. Por essa razão, procuraram habilitar- se na língua francesa para alcançar objetivo visado. Ajudavam o pai nos Serviços Gerais da Delegação de Propaganda do Mate, quando acontecia verificar- se diversas exposições simultaneamente. Em tais ocasiões, o pai dividia tarefas entre eles, ficando cada um chefiando um stand da representação do produto. Apesar da pouca idade, ambos usavam calças curtas, nunca no entanto decepcionaram no desempenho das incumbências.
Devido aos inúmeros negócios que mantinha na Capital francesa, seu pai possuía um apartamento em Paris, onde passava com os filhos suas férias escolares, quando não havia exposições. Seu pai era amigo íntimo do Embaixador do Brasil, na França, Souza Dantas, que tinha grande admiração pelos jovens Mário e seu irmão Carlos Eugênio Vianna, isso porque, sempre que visitava o stand do mate em exposição na França constatava a intensa atividade deles. Todos os anos, no Natal, presenteava- os. Quando os brasileiros procuravam a Embaixada do Brasil em Paris para solicitar auxílio financeiro, a maioria era empregados dispensados do Serviço Geral de Propaganda de Café do Brasil, naquela cidade. Esse serviço era chefiado pelo Sr. Alípio Dutra, que recebia ordens de dispensar os empregados diretamente do Brasil. O Embaixador Souza Dantas, enviava, então, nossos patrocínios a seu pai, que imediatamente os aproveitavam na delegação da propaganda do mate. Fazia mais: pagava as despesas de hotel e de alimentação. Procedia dessa maneira não só pelos laços de amizade ao ilustre diplomata, Dr. Souza Dantas, mas apiedado pela extrema necessidade em que se encontravam os desempregados dispensados, vítimas da nefasta burocracia brasileira daquela época. Essa desventura aconteceu com o Sr. Theophilo de Andrade Lyra, também dispensado da propaganda do café. Como privava da amizade do seu pai, solicitou e obteve ajuda deste, sendo colocado na chefia do escritório da delegação de propaganda do mate em Hamburgo, Alemanha. "Faço a divulgação desse fato: -diz Mário devido a episódio ocorrido entre mim e o Sr. Theophilo de Andrade, a ser narrado na parte desse livro "O caso do Suplemento de Turismo".
Surpreendidos em agosto de 1.930 com a notícia do movimento revolucionário em efervescência no Brasil, seu pai resolveu que seria melhor Mário e seu irmão regressarem ao Rio de Janeiro, o que foi feito com o passaporte número 00048, datado de 8 de setembro de 1.930 (utilizado pelos dois irmãos), expedido pelo Consulado do Brasil, em Bruxelas, com a seguinte observação: -"seguem devidamente autorizados por seu pai, o Senhor Carlos de Souza Vianna.
Embarcaram no porto de Antuerpia, Bélgica, no navio francês "Ceylan", da Companhia Chargeurs Reúnis", saindo dali por um canal, tendo direita a Holanda e à esquerda, a Bélgica. O navio navegava em marcha reduzida até desembocar no mar. A primeira escala do "Ceylan" foi no Havre, depois Cherburg e Bordeaux, na França, rumando para Vigo, na Espanha. Quando navegava em direção a Portugal, ainda no mar da Espanha, encontraram um maremoto, com ondas que invadiam o navio, passando este navegar vagarosamente. O comandante, "velho lobo do mar", teve de retroceder e desviar da rota normal para evitar a tormenta, custando essa manobra mais uns dias de demora na viagem. Essa medida do comandante foi salvadora, pois evitou um naufrágio certo, pelo o fato do "Ceylan" ser um navio misto de cargas e passageiros e estar com seus porões abarrotados de cargas. A próxima escala foi para Porto e Lisboa, em Portugal e depois Dakar, no Marrocos. Em princípios de outubro de 1.930, chegaram em Recife, Pernambuco.
A bordo do navio, os jovens irmãos ouviam tiroteio nas ruas da cidade de Recife. A Polícia Marítima não permitiu ninguém a pisar em terra. A penúltima escala da viagem foi Salvador, na Bahia, onde a fúria revolucionária já havia passado, deixando o elevador "Lacerda" destruído por um incêndio, conforme constataram os passageiros que puderam desembarcar e matar saudades de seus pais, em companhia de um Barão francês, que durante toda viagem com eles conviverá, justamente com a esposa que preferira ficar a bordo. No dia 11 de outubro chegaram ao Rio de Janeiro, conforme constava na folha seis do passaporte e do visto da Inspetoria da Polícia Marítima. O Barão e a Baronesa, que se dirigiam à Argentina, instaram para que eles os acompanhassem até Buenos Aires, receosos do que lhes pudesse acontecer em face dos movimentos revolucionários, pelo menos até normalizar- se a situação na então Capital do País. Agradeceram e desembarcaram, indo para a residência do cunhado Álvaro da Rocha Baltazar, casado com sua irmã Aramina de Medeiros Baltazar, na Rua Pedro Américo, número 38, no Catete.
A firme decisão do Presidente Washington Luís de resistir e não abandonar o Palácio do Catete levou as tropas que lhe eram fiéis a levantar trincheira com sacos de areia, na esquina da Rua do Catete, com a Rua Pedro Américo, onde ainda se localizava uma Delegacia Policial, na quarta D.P. A família, por medida de segurança, fora para a residência do avô, Augusto Antônio Vianna Júnior falecido em 1.932 na Rua Tenente Costa, em Todos- os- Santos, subúrbio da Central. O avô dos jovens era funcionário Civil do Ministério da Guerra, onde ingressará em 1.855, lotado no Serviço de Intendência, desde de 1.916. Possuía regalias de Capitão e aposentara- se depois de 45 anos de serviço. Mário de Medeiros Vianna possuía então 14 anos de idade. Devido ao extravio do seu caderno de anotações, perdeu muitos nomes e endereços de pessoas das suas relações de amizade que, devido à idade, não foi possível guardar de memória.
Após haver desempenhado, como vimos, as funções de encarregado dos serviços de informação e Propaganda da Delegação dos Estados do Paraná e Santa Catarina para a Divulgação do Mate na Europa e na África, organizou, ainda, os mostruários da delegação nas seguintes exposições: VII Exposição Internacional da Borracha e outros Produtos Tropicais no Grand Palais de Paris, em 1.927, I e II Exposições Internacionais do Café e Produtos Tropicais, em Bruxelas, Bélgica, em 1.928 e 1.929, e Exposição de Antuérpia, Bélgica, em 1.930, ano que retornou ao Brasil.
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