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"Um dia, Assis não se sabe como, o rapaz começou a bater pandeiro. Tanto que surrou, que sentiu sua alma vestida de malandro, com sua calça listrada, camisa de meia manga "palheta", e com muita vontade de brigar, tornou-se um dos nossos grandes compositores e sambistas daquela época ".
















quinta-feira, 3 de junho de 2010

Assis Valente: a genialidade de um poeta no ano de seu centenário



















No dia 19 de março de 2011, nascia na cidade de Campo de Pólvora, no interior da Bahia, um menino chamado José de Assis Valente, ou simplesmente Assis Valente. Um garoto pobre, de origem de família humilde, que aos 10 anos de idade já trabalhava como auxiliar de farmácia de sua cidadezinha local. Assis teve uma infância muito conturbada, sofrida, pequeno foi seqüestrado por um certo Laurindo e que logo em seguida foi separado dos seus pais José de Assis e Maria Esteves Valente, e foi adotado pela família "Canna Brasil", da alta sociedade baiana. Mais o menino se sentia muito rejeitado pela família, um sentimento misto de mágoa ao mesmo tempo de carinho por causa dos maus tratos recebidos pelo casal. O menino de pele queimada como as baianas do "Senhor do Bonfim", assustado, tornou- se um rapaz tímido e aos 21 anos de idade, formou- se em farmacêutico e fez curso no "Liceu de Artes e Ofícios" (desenhos), na Bahia mesmo. Em 1927 desembarcava num naviozinho chamado Loyd, no Cais do Porto com uma mala na mão, na cidade do Rio de Janeiro. Assim que chegou no Rio, empregou- se como protético num consultório de dentista, que tornou- se um grande amigo, o senhor Aguiar Dantas, que anos depois virou seu sócio. O rapaz tinha uma profissão muito esquisita, de modelador de dentaduras. Pra sobreviver, o rapaz polia e limava coroas, rabiscava e desenhava calungas à noite. Mais o rapaz José de Assis tinha um sonho, de tornar- se um grande compositor de marchinhas carnavalescas, das nossas músicas populares brasileiras, sentir- se querido e amado por todos, principalmente pelo povo brasileiro. José para passar o tempo, ficava batucando na mesa do consultório de dentista, no seu local de trabalho e ficava cantando baixinho, a poesia que brotava de sua alma. Até que um dia, não se sabe como, vestido de camisa e calça listrada, com chapéu de malandro e tocando pandeiro, com muita vontade de brigar e lutar pelos seus sonhos, tornou- se um dos nossos grandes compositores da MPB. A partir daí não parou mais. Escreveu e fez grandes composições como "Uva de Caminhão", Camisa Listrada", "Recenseamento", "E bateu- se a chapa", etc, a maioria delas foi dada e feitas especialmente para Carmen Miranda, a "Pequena Notável", por quem Assis Valente tinha uma grande paixão e um apreço inestimável. Depois de altos e baixos de sua vida pessoal e profissional, Assis casou- se com a datilógrafa carioca, a senhorita Nadyle, com quem teve uma filha, que nasceu no dia 31 de janeiro, Nara Nadyle Valente. A quem o compositor dedicou a música mais famosa dele "Brasil Pandeiro" , a sua filha. Assis tentou duas se suicidar, mal sucedidas. Mas infelizmente, no dia 11 de março de 1958, Assis Valente nos deixava, conseguia finalmente a sua proeza, suicidava- se ingerindo uma garrafa com guaraná e formicida. O corpo do compositor era encontrado por um rapaz, estendido, deitado num banco de uma praça, conhecido como Praça do Russel, na Glória, às 18hrs da tarde. O Brasil se calava com a morte estúpida do compositor baiano. E no seu último bilhete de despedida escreveu: "Vou parar de escrever, vou sentir saudade de tudo e de todos". E neste dia 19 de março de 1911- 2011, quando Assis Valente completaria 100 anos de seu nascimento, o centenário de uma pessoa ilustre, de um grande compositor da nossa MPB, a importância que ele teve no cenário, na história da nossa música popular brasileira. Salve, Assis Valente! Salve o Prazer!

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