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"Um dia, Assis não se sabe como, o rapaz começou a bater pandeiro. Tanto que surrou, que sentiu sua alma vestida de malandro, com sua calça listrada, camisa de meia manga "palheta", e com muita vontade de brigar, tornou-se um dos nossos grandes compositores e sambistas daquela época ".
















sábado, 5 de junho de 2010

50 Anos de Saudade do compositor baiano Assis Valente- 11 de março de 1958/ 2008

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No dia 11 de março de 1958- 2008, fez 50 anos que o compositor baiano Assis Valente partiu desta vida para uma outra vida melhor, porque a morte não é o fim, é um recomeço, é a continuidade num outro plano astral. Mas mesmo assim, Assis deixou saudades com suas músicas, marchinhas de carnavais alegres.

Jornalista e Assessora de Imprensa,
Flávia Almas!

Assis Valente e a estética da brasilidade



Duas letras de samba falam da brasilidade. Esta é a substância estética da cultura brasileira. Assis Valente foi um dos músicos que, na miséria da vida cotidiana popular do Rio no antigo século XX, criou um ambiente musical no qual fluía a poesia do homem comum como amor ao Brasil e, simultaneamente, como ironia do lugar do povo na brasilidade. Na música Brasil Pandeiro, Assis Valente faz um samba - outros sambas foram feitos na mesma linha - inquietante. Na letra, ele quer ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar. Mas a batucada brasileira não é a batucada infernal da África dos filmes hollywoodianos, de Tarzan. Há uma diferença gritante entre a batucada infernal afro-hollywoodiana e a sedutora batucada brasileira. A batucada infernal é o êxtase dos corpos negros em uma dança hiper-sensual. A batucada brasileira é a sedução morna , suave, em câmara lenta das cantoras da música popular brasileira. Não é a sedução da garota da bossa nova, a garota branca, loira das altas classes médias da década de cinqüenta.
José Paulo Bandeira da Silveira
A luso-brasileira Carmem Miranda levou o samba e sambistas para Hollywood. O Zé Carioca de Walt Disney lembra a papagaiada dos personagens de Carmem Miranda nos filmes que confundem o Rio de Janeiro com Buenos Aires. O Zé é o sambista- malandro das favelas ainda românticas do Rio. É a imagem de um país lúdico que desconhece a modernidade do trabalho capitalista. Tal imagem evoca a oposição entre o mundo da aventura e o mundo do trabalho de um Sérgio Buarque de Holanda. O brasileiro é a aventura e o americano o trabalho. A corporação capitalista Disney recolheu a "estética do malandro" como se fosse a estética do samba. O samba foi criado por trabalhadores humildes e também por artistas amadores. Mas o samba ficou conhecido no mundo pela lente distorcida das corporações capitalistas americanas do cinema. Neste samba dos americanos, o povo brasileiro é o Zé Carioca.
A bossa nova é a música de um projeto moderno-industrial de Brasil. A bossa nova foi cantada pelo Tio Sam, mas a Casa Branca jamais fez o mundo sambar com a batucada brasileira. Importantes músicos e cantores brasileiros foram viver nos EUA. A cantora lírica Bidu Saião e o músico João Gilberto - papa da bossa nova - escolheram a América como segunda pátria. Em geral, os brasileiros sempre adoraram a América. Deus salve a América e a cultura-eletrônica americana de massas!
Hoje vivemos em uma era de antiamericanismo brasileiro, mas, no passado, Assis Valente desejava que os EUA realizassem o sonho de mundialização da música realmente popular brasileira: o samba. Mas o Tio Sam só conheceu o Zé Carioca e reconheceu, com precisão, um Brasil da música brasileira das classes médias urbanas, a bossa nova. E tornou o samba de Carmem Miranda qualquer coisa, menos samba brasileiro! Pode parecer incrível, mas a bossa nova é a música do capitalismo dependente associado. É a era da internacionalização das grandes relações capitalistas de produção e da desnacionalização dos estratos superiores das classes médias latino-americanas. A bossa nova e outras bossas são a música de uma era de expansão em grande escala das classes médias do sudeste brasileiro, e em uma escala mínima das classes médias das outras capitais do Brasil. Se o Tio Sam tocasse o samba para o mundo, o povo deveria estar no lugar das classes médias no desenvolvimento do Brasil moderno e industrial. Isto não aconteceu! No vinte anos de regime militar, as classes médias urbanas passaram a olhar para o samba apenas como uma forma de divertimento. As classes médias do regime militar foram o buraco negro cultural da substância estética da cultura brasileira. No mundo do samba, não foram poucos os comunistas que lutaram contra a destruição da brasilidade no seio do povo e até entre as classes médias. Foi uma luta de glórias, e de uma derrota inglória. Na era do autoritarismo militar, a brasilidade foi sendo substituída por ideologias musicais virtuais-eletrônicas que acabaram por soterrar a fortuna da música popular brasileira. Hoje, o agenciamento musical dos indivíduos e das multidões aniquila a atmosfera de sedução, bem brasileira, que a música popular gerava, até nos ouvintes do rádio e nos espectadores da televisão. No lugar da sedução autêntica, a música do capital pôs um simulacro de sedução para o consumo fictício da sedução. Quando a ficção é tudo, as pessoas agenciam a ficção como realidade.
Oh! Meu Brasil. Esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros, que nós queremos sambar. O povo quer sambar e viajar pelo mundo na música e fisicamente. A Europa acolheu o samba e uma parte dos dois milhões de brasileiros que vivem fora do país. Tantos brasileiros que, como Bidu Saião e João Gilberto, se exilaram por livre vontade. Estes brasileiros comuns recusaram o Brasil da música Recenseamento. Na brasilidade popular, tinha o samba, o pandeiro, o cavaquinho, o tamborim e, no cantinho o violão, muito amor, muita canção para fazer feliz a quem se ama, e mais as coisas belas e de valor do Brasil. Tinha a ausência de uma família legal, mas o moreno brasileiro era o fuzileiro que carregava a bandeira do batalhão. Na Segunda Guerra Mundial, o moreno brasileiro foi pela FEB (Força Expedicionária Brasileira) lutar contra o nazi-fascismo nos campos de batalha da Itália. E mostraram o valor do samba. Eles fizeram da batucada um grito de liberdade! Com os pracinhas, o samba foi sedução para os aliados e um grito de liberdade contra o despotismo fascista. Ao lutarem pela liberdade, eles foram celebrados em vida como heróis populares do Brasil. Com o fim da brasilidade, a dignidade e a honra dos pracinhas pode ser tratados como um detrito virtual de um mundo em decomposição. A lata de lixo da história é um fato real para os últimos pracinhas brasileiros. Agora, toda nudez será mal-dita, e todo pracinha será castigado! E a família do pracinha será amaldiçoada eternamente com o Nome-do-Pai.
Nelson Cavaquinho fez um samba (a letra está no final do texto) sobre o descaso com o artista popular. Na verdade, a celebração do artista brasileiro começa com o regime militar e a indústria de divertimento deste regime. Só com a entrada das classes médias na indústria musical e artística, o artista passou a ser festejado, celebrado e mimado pelos "podres poderes" do capital e do Estado. Nelson Cavaquinho viveu em uma época que o músico popular recebia as migalhas da festa musical e artística das classes médias. Seu lamento pode ser ouvido, antecipadamente ou não, no maravilhoso samba dele e de Nelson de Brito Quando eu me chamar saudade. Eles dizem, na música, que desejam a celebração do talento deles em vida. Se a música tem um valor para além da distração, a vaidade do artista precisa ser reconhecida e festejada. O artista é a encarnação autêntica e legítima, pois objetiva, do pequeno narcisismo freudiano. Ele é um narcisista para a glória de Freud e a glorificação do pequeno narcisismo. Gente foi feita para brilhar! Se não é assim, o valor da música já significa a morte, em vida, do artista. Ser apenas redescoberto na morte, eis a simulação do valor da brasilidade da música. Durante a ditadura militar, compositores populares - que viveram, a maior parte da vida, na miséria - foram descobertos por músicos emergentes das classe médias. Hoje, até este simulacro musical de brasilidade foi para a lixeira virtual da indústria eletrônica. Na Nova República, o simulacro de brasilidade musical foi substituído por simples ficções musicais de gosto indeterminado. É a realização do conceito de massa da psicologia despótica de um Gustav Le Bon. O gosto musical brasileiro desapareceu na Nova República. Se um dia o molho da baiana melhorou o prato americano, hoje, ele é servido como espetáculo eletrônico de uma cultura musical baiana que produz simulacros e ficções de brasilidade a granel.
Como a gente bronzeada já mostrou seu valor na indústria da cultura eletrônica, não adianta ir à Penha pedir ajuda para a padroeira. Além disto, se o samba não foi aos EUA, os EUA foram à Bahia. No Baião de Lacan, um compositor e psicanalista carioca lamenta, modernamente, o uso da música brasileira pelos músicos multimilionários dos EUA sintetizados na figura de um Paul Simon. Para ele, os músicos americanos não destroem apenas a brasilidade da música, eles destroem principalmente a música brasileira com técnica de apropriação poética do mundo. E sabemos que fazem isto apenas para continuar com os cofres abarrotados de dólares, euros e ienes. São o Tio Patinhas da música pop. Eles jogam a música brasileira na lata de lixo do capital de entretenimento. Hoje, já se pode afirmar que a música, em geral, é um discurso que não faz mais laço social.
Nas últimas décadas do século passado, compositores criaram um nova substância estética musical para a cultura brasileira. Nesta jornada, Alceu Valença, Carlinhos Brown, Chico Science, Zeca Pagodinho e o neoconcretismo de um Arnaldo Antunes já criaram o abc de uma nova estética da brasilidade para depois do colapso do capitalismo corporativo mundial. Esta nova brasilidade é uma abertura para a mundialização da cultura em uma era de cooperação fraternal e igualitária entre os povos. Na nova estética da brasilidade, a liberdade é um valor universal.







quinta-feira, 3 de junho de 2010

Assis Valente: a genialidade de um poeta no ano de seu centenário



















No dia 19 de março de 2011, nascia na cidade de Campo de Pólvora, no interior da Bahia, um menino chamado José de Assis Valente, ou simplesmente Assis Valente. Um garoto pobre, de origem de família humilde, que aos 10 anos de idade já trabalhava como auxiliar de farmácia de sua cidadezinha local. Assis teve uma infância muito conturbada, sofrida, pequeno foi seqüestrado por um certo Laurindo e que logo em seguida foi separado dos seus pais José de Assis e Maria Esteves Valente, e foi adotado pela família "Canna Brasil", da alta sociedade baiana. Mais o menino se sentia muito rejeitado pela família, um sentimento misto de mágoa ao mesmo tempo de carinho por causa dos maus tratos recebidos pelo casal. O menino de pele queimada como as baianas do "Senhor do Bonfim", assustado, tornou- se um rapaz tímido e aos 21 anos de idade, formou- se em farmacêutico e fez curso no "Liceu de Artes e Ofícios" (desenhos), na Bahia mesmo. Em 1927 desembarcava num naviozinho chamado Loyd, no Cais do Porto com uma mala na mão, na cidade do Rio de Janeiro. Assim que chegou no Rio, empregou- se como protético num consultório de dentista, que tornou- se um grande amigo, o senhor Aguiar Dantas, que anos depois virou seu sócio. O rapaz tinha uma profissão muito esquisita, de modelador de dentaduras. Pra sobreviver, o rapaz polia e limava coroas, rabiscava e desenhava calungas à noite. Mais o rapaz José de Assis tinha um sonho, de tornar- se um grande compositor de marchinhas carnavalescas, das nossas músicas populares brasileiras, sentir- se querido e amado por todos, principalmente pelo povo brasileiro. José para passar o tempo, ficava batucando na mesa do consultório de dentista, no seu local de trabalho e ficava cantando baixinho, a poesia que brotava de sua alma. Até que um dia, não se sabe como, vestido de camisa e calça listrada, com chapéu de malandro e tocando pandeiro, com muita vontade de brigar e lutar pelos seus sonhos, tornou- se um dos nossos grandes compositores da MPB. A partir daí não parou mais. Escreveu e fez grandes composições como "Uva de Caminhão", Camisa Listrada", "Recenseamento", "E bateu- se a chapa", etc, a maioria delas foi dada e feitas especialmente para Carmen Miranda, a "Pequena Notável", por quem Assis Valente tinha uma grande paixão e um apreço inestimável. Depois de altos e baixos de sua vida pessoal e profissional, Assis casou- se com a datilógrafa carioca, a senhorita Nadyle, com quem teve uma filha, que nasceu no dia 31 de janeiro, Nara Nadyle Valente. A quem o compositor dedicou a música mais famosa dele "Brasil Pandeiro" , a sua filha. Assis tentou duas se suicidar, mal sucedidas. Mas infelizmente, no dia 11 de março de 1958, Assis Valente nos deixava, conseguia finalmente a sua proeza, suicidava- se ingerindo uma garrafa com guaraná e formicida. O corpo do compositor era encontrado por um rapaz, estendido, deitado num banco de uma praça, conhecido como Praça do Russel, na Glória, às 18hrs da tarde. O Brasil se calava com a morte estúpida do compositor baiano. E no seu último bilhete de despedida escreveu: "Vou parar de escrever, vou sentir saudade de tudo e de todos". E neste dia 19 de março de 1911- 2011, quando Assis Valente completaria 100 anos de seu nascimento, o centenário de uma pessoa ilustre, de um grande compositor da nossa MPB, a importância que ele teve no cenário, na história da nossa música popular brasileira. Salve, Assis Valente! Salve o Prazer!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Biografia de Assis Valente

Nascia no dia 19 de março de 1911 em  Salvador, na Bahia, natural do interior da cidade do Campo de Pólvora, um menino chamado José de Assis Valente. Segundo sua certidão de nascimento, Assis era filho de José de Assis e Maria Esteves Valente. Mas de acordo com o depoimento de uma meia- irmã, chamada Beatriz, revelada pelo biógrafo, Francisco Duarte, do compositor Assis Valente. Especula- se que ele seria filho ilegítimo de Maria Esteves Valente, mulata do interior da Bahia, e Antônio Teodoro dos Santos, filho de portugueses que residiam em  Salvador, na Bahia naquela época.

A pele do pequeno José era queimda como as baianas do "Senhor do Bonfim"

A pele do pequeno menino, José, era queimada como as baianas do "Senhor do Bonfim". Assis, foi batizado aqui nesta Igreja da "Sé" em Salvador, na Bahia. Assis Valente, teve uma infância muito conturbada, tendo sido separado dos seus pais muito cedo. O menino, foi criado pelo Sr. Manuel e a Sr(a).Georgina Canna Brasil, família pela qual o garoto nutria um sentimento misto de carinho e ao mesmo tempo de mágoa, pelos maus- tratos recebidos por eles.  

Assis Valente aos 10 anos já trabalhava como auxiliar de farmácia

Em 1917, Assis Valente, entre os 9 ou 10  anos de idade, já trabalhava como auxiliar de farmácia de um hospital local de sua cidadezinha ormou- se em farmacêutico, e fez curso de desenho no "Liceu de Artes e Ofícios" e profissionalizou- se como especialista em prótese dentária.

Assis Valente até o sucesso como compositor na cidade do Rio de Janeiro

Assis Valente, desde a sua infância de menino pobre, abandonado na Bahia. Quando aos seis anos de idade, foi seqüestrado de sua verdadeira família, por um certo Laurindo, que "achava injusto que um menino tão perspicaz fosse deixado em um lugar tão pobre". Mas até o sucesso como compositor na cidade do Rio de Janeiro, Assis Valente desejava uma coisa: "ser querido, sentir- se importante para alguém". No entanto a vida não foi tão gentil com ele, nunca poupou- lhe momentos de sofrimento e de perda. Tampouco procurou amenizar os golpes que a vida aplicava- lhe. Assis Valente, a tudo suportou calado. Na dor, ele jogava nas músicas que compunha, batucando na bancada do seu consultório de protético dentário, cantando baixinho a poesia que brotava de sua alma. Com a esperança, cada vez mais difícil com o passar dos anos, era transformada em canções que se multiplicavam na voz do povo.      

Assis Valente desembarcava no Cais do Porto na cidade do Rio de Janeiro

Em setembro de 1927, Assis Valente, aos 21 anos, desembarcava de um naviozinho chamado "Loyd", que vinha da Bahia e aportava aqui, na Praça Maúa, na cidade do Rio de Janeiro. Assis Valente, havia estudado no colégio chamado "Salesiano" em Salvador, na Bahia.  E tinha uma profissão muito esquisita, ele exercia o cargo de modelador de dentaduras, e assim que chegou a cidade do Rio de Janeiro, empregou- se como protético em um consultório dentário.